domingo, 17 de abril de 2011

JUNG E AS MANDALAS

As mandalas foram conhecidas no mundo ocidental, cristão, somente em época recente, graças ao interesse pela tradição religiosa-espiritual e esotérica sobre o mundo oriental (Aranha e Martins, 1987). As pesquisas de Jung sobre o simbolismo das mandalas contribuíram para torná-las acessíveis ao público ocidental. Foi quando se identificou uma relação entre o material espontâneo dos sonhos dos indivíduos que atravessavam crises interiores e os estranhos símbolos encontrados nos desenhos mandálicos.

Jung descobriu que o inconsciente se expressa por meio de símbolos. Ele concluiu que existem símbolos no inconsciente coletivo (dentro de nós), símbolos religiosos tais como o símbolo do dharma budista, a cruz, a estrela de David entre muitos outros.

“Para Jung, cada pessoa que nasce, traz consigo como que uma "herança ancestral" de toda a história da humanidade codificada em símbolos. (Psicóloga Junguiana Dra. Maria Aparecida Diniz Bressani)

O ser humano vive, na verdade, simbolicamente, porém, com seu racional desenvolvido (principalmente aqui no ocidente), acabou se afastando do ser divino que há em si (que se expressa por meio de símbolos) e é por isso que ele, atualmente, não consegue compreender a linguagem dos símbolos. É preciso saber "ouvir" os símbolos!”.

Jung estudou as mandalas e as utilizou em seu consultório. Constatou que seus pacientes melhoravam ou relaxavam com o uso da mesma. Ele dizia que a mandala poderia trabalhar a Psique, atuando para o processo de autoconhecimento do cliente. Existem mandalas especificas para este trabalho, outras atuam em áreas diferentes. Jung descobriu que as mandalas expressavam conteúdos interiores do ser humano, e no seu estudo das manifestações do inconsciente, seus analisados produziam de forma espontânea desenhos de mandalas, sem saber o que ela é ou o que estavam fazendo, e ele dizia, que isso tende a acontecer com pessoas que possuem um progresso muito grande na sua individuação.

Jung ficou muito interessado no símbolo mandálico taoísta chamado A Flor de Ouro,q ue era um material trazido frequentemente por seus pacientes. A Flor de Ouro é desenhada tanto como um ornamento geométrico regular, ou de cima, ou um borrão crescendo de uma planta. A planta com freqüência nasce da escuridão, possui cores ardentes e tem um botão de luz no topo. Jung publicou um livro chamado “O Segredo da Flor de Ouro”, junto com Richard Wilhelm. O livro traz comentários ao texto taoísta do mesmo nome. Compara a filosofia taoísta com os conceitos da psicologia analítica da anima e animus, movimento circular, mandala e a desintegração da consciência.
Diz Jung: [...] as mandalas não provêm dos sonhos, mas da imaginação ativa [...] As mandalas melhores e mais significativas são encontradas no âmbito do budismo tibetano [...] Uma mandala deste tipo é assim chamado “yantra”, de uso ritual, instrumento de contemplação. Ela ajuda a concentração, diminuindo o campo psíquico circular da visão, restringindo-o até o centro.

E prossegue: Este centro não pensando como sendo o “eu”, mas se assim se pode dizer, como o “si mesmo”. Embora o centro represente, por um lado, um ponto mais interior, a ele pertence também, por outro lado, uma periferia ou área circundante, que contém tudo quanto pertence a si mesmo, isto é, os pares de opostos, que constituem o todo da personalidade.








Mandala - Conhecendo melhor

Em sânscrito, a palavra a palavra mandala significa centro, círculo ou círculo mágico. No buddhismo Vajrayana, mandala refere-se a um tipo de diagrama simbólico de uma mansão sagrada (sânsc. yantra), o palácio de uma divindade meditacional, a dimensão pura da mente iluminada.
A Mandala é um instrumento de contemplação, meditação, concentração e relaxamento. Uma mandala de uso ritual na meditação é instrumento de contemplação. Ela ajuda a concentração, diminuindo o campo psíquico circular da visão, restringindo-o até o centro.

A meta da contemplação dos processos representados na mandala é que o indivíduo perceba (interiormente) o deus, isto é, pela contemplação ele se reconhece a si mesmo como deus, retornando assim da ilusão da existência individual à totalidade universal do estado divino. Como já foi dito, mandala significa circulo.

Há muitas variações das mandalas, mas todas se baseiam na quadratura do circulo. Seu tema básico é a conexão com um ponto, um lugar central no interior da alma, com o qual tudo se relaciona e que ordena todas as coisas, representando ao mesmo tempo uma fonte de energia, sua essência. Este centro não é pensado como sendo o “eu”, mas se assim se pode dizer, como o “si-mesmo”. O ponto central é a matriz criativa do universo, o portal que se abre para a própria Realidade transcendente.

A energia do ponto central manifesta-se na compulsão e ímpeto irresistíveis de tornar-se o que se é, tal como todo organismo é compelido a assumir aproximadamente a forma que lhe é essencialmente própria. O que indivíduo busca com esse exercício de meditação com esta mandala é sem dúvida uma transformação psíquica. O “eu” é expressão da existência individual.


No Tibet, as mandalas, “thangkas”, usadas para meditar, são consideradas como “templos ambulantes” dada a vida nómada dos tibetanos. Representam teorias budistas, biografias de budas e a sua actividade religiosa, preservam a iconografia, os sucessos históricos e a cultura tibetana.

No oriente, a prática de meditação por meio da observação de mandalas remonta a milénios. Os monges tibetanos possuem uma simbologia própria que é expressa quando criam mandalas. As mandalas são constituídas por uma série de círculos concêntricos, cercados por um quadrado que, por sua vez, é cercado por outro círculo. O quadrado possui um portão no centro de cada lado, o principal voltado para o leste, com outras três entradas em cada ponto cardeal. Eles representam entradas para o palácio da divindade principal e são baseados no desenho do templo indiano clássico de quatro lados. Tais mandalas são plantas elaboradas do palácio, visto de cima. Os portais, porém, muitas vezes são "deitados", assim como os muros externos. Estes portais são elaboradamente decorados com símbolos tântricos. A arquitetura da mandala representa tanto a natureza da realidade como a ordem de uma mente iluminada. A divindade central representa o estado da iluminação e as várias partes do palácio indicam os aspectos chave da personalidade iluminada. As divindades iradas representam as próprias emoções negativas …

A forma como o quadrado toca o círculo e o número de eixos que se repetem simetricamente são considerados sagrados porque os tibetanos acreditam que a mandala é uma forma de busca da ordem e da disciplina. Além dessas práticas e explicações, alguns matemáticos utilizam as mandalas para expor conceitos de geometria. Inegável é o fascínio que essas formas produzem ao serem observadas pelas pessoas.